segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O “quando” da especialização no futebol - disponível em: http://www.universidadedofutebol.com.br/2011/12/1,15167,O+%E2%80%9CQUANDO%E2%80%9D+DA+ESPECIALIZACAO+NO+FUTEBOL.aspx?p=1

O “quando” da especialização no futebol

Processo deve estar amparado por uma qualificação dos profissionais envolvidos com crianças a fim de evitar saturação precoce e experiências emocionais negativas

João Baldoino de Almeida Neto*

Resumo
Existe uma grande procura por escolinhas de futebol para crianças, cujas aulas são muito relevantes para o processo de desenvolvimento fisiológico e psicológico. Essa procura também acontece, pois os pais sustentam a idéia de que o esporte serve como fator educacional. Em todo o mundo, existe preocupação com alternativas para o trabalho de atividade desportiva para jovens. Na verdade, as crianças e os jovens merecem uma atividade desportiva a sério, fundamentada, orientada e dirigida corretamente nas suas práticas de aprendizagem de iniciação e de competição. Portanto, há uma elevada importância da prática desportiva, ao lado do acentuado aumento de competições num quadro desportivo altamente especializado. Por isso a ciência desportiva tem procurado determinar a faixa etária mais adequada para haver a especialização de uma modalidade especifica, para que não aconteça uma especialização precoce. Contudo, o presente estudo tem como objetivo verificar e analisar através de uma revisão bibliográfica a idade ideal para se especializar no futebol.
Introdução
O principal problema na prática esportiva é a cobrança de resultados, levando os praticantes ao adestramento, ou seja, melhorar as técnicas e buscar as vitórias de qualquer maneira. Já no jogo o que prevalece é o prazer, o caráter de riso e os jogadores tem espaço para a criatividade. (PAES, 1997)
Nos clubes, nas chamadas categorias de base o que mais acontece é a especialização precoce, ficando muito fácil de identificarmos. Devido a várias características que possuem do esporte de alto rendimento reproduzidas nesse contexto, onde há técnicos maltratando seus atletas por erros cometidos, pais xingando árbitros, frases agressivas entoadas pela torcida. Aprofundando um pouco o nosso olhar para além do momento da competição, encontramos crianças submetidas a peneiras (testes) para a seleção da equipe e a seções de treinamento exaustivas, muitas vezes incompatíveis com a continuação dos estudos (KORSAKAS, 2002, apud LEITE, 2006)
A especialização esportiva precoce vem sendo cada vez mais usada por professores em clubes e escolas. Isso reflete a busca de treinadores e de instituições por mais status na sociedade e uma melhor afirmação de seus nomes. Isso por sua vez reflete a necessidade de auto-afirmação do sistema capitalista vigente. Porém, há quem diga que essa metodologia é muito eficaz, pois descobre muitos talentos esportivos. Entretanto, os danos são maiores que os benefícios: se muitos se preocupassem em desenvolver atividades que contribuem para o desenvolvimento integral das crianças, com certeza teria um maior número de atletas e talentos.
O “quando” da especialização no futebol
É difícil precisar a idade ideal para começar um treinamento específico nos jogos coletivos, mas existem alguns estágios que o ser humano precisa ultrapassar para chegar à maturação biológica, neurológica e motora que permita a aprendizagem dos fundamentos específicos de uma modalidade esportiva, devendo obedecer as individualidades. (BIZZOCCHI, 2004)
Greco (2001) afirma que, acima de tudo, a especialização motora deve ser uma opção de vida que, além de exigir uma dedicação exclusiva, parece estar reservada apenas para uma minoria.
Para Gallahue ( 2005), os movimentos relacionados às habilidades esportivas devem iniciar dos 7 aos 10 sem especificação de determinada modalidade, propiciando total liberdade para o descobrimento e a vivência em geral. Entre os 11 e 13 anos já deve haver a especificação de algumas habilidades e a concretização de movimentos, sem a imposição de uma modalidade esportiva. A partir dos 14 anos, a criança estará apta a se dedicar a um esporte determinado , participando de qualquer esporte formal ou informal, recreativo e competitivo.
Segundo Paes (1997, p.39) :

“Para iniciação desportiva especializada é necessário que a criança, a nível de competições formais, atinja um desenvolvimento psicomotor e que tenha condições de desempenhar as funções necessárias para a situação proposta, tais como: um grau de intelectualidade para compreender, e também manutenção psicológica para o momento de glória e as frustrações que ocorrem na competições”.
 
Para Greco (2001), a melhor fase para se iniciar a especialização e o aperfeiçoamento técnico de uma modalidade esportiva é dos 14 aos 16 anos, não devendo ultrapassar a freqüência de três vezes por semana. Entretanto, é importante que o jovem participe de duas ou três modalidades esportivas para que tenha um enriquecimento motor.
Entre 10 e 11 anos de idade, nesta fase já pode haver o aperfeiçoamento desportivo, pois as crianças já têm maturidade para participar de jogos que apresentam ações baseadas em cooperação e colaboração. O objetivo dessa etapa é introduzir elementos técnicos fundamentais, táticas gerais e atividades com regras e jogos educativos. Também nesta fase deve ampliar o repertório de movimentos básicos de diversos esportes, pois essa faixa é considerada como excelente para o aprendizado. (ALMEIDA, 2005, apud RAMOS e NEVES, 2007) Para o autor, dos 12 aos 13 anos, que é conhecida como fase de introdução ao treinamento.
O objetivo desta fase é o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, qualidades físicas necessárias para a prática do desporto, pois o jovem já tem significativo desenvolvimento intelectual e físico. Os professores devem oferecer atividades que atendam as necessidades individuais e coletivas, através de jogos dos diversos desportos. (ALMEIDA, 2005, apud RAMOS e NEVES, 2007)
Já Arena (2000) considera a faixa etária de 12-14 anos como a mais indicada para que a criança comece a participar do treinamento de uma modalidade específica, assim como, de eventos competitivos. Porém as crianças até os 12 anos não deve participar de atividades esportivas específicas e de competições formais, por não possuir maturidade suficiente para compreender e assimilar tudo o que está envolvido em um processo competitivo.
Paes (2004) postula que a especialização esportiva deve ocorrer após o pico de velocidade do crescimento da estatura, tomando por base a idade biológica da criança. O pico de velocidade da estatura tem, para os meninos, a idade aproximada de 14 a 15 anos e para as meninas, 13 a 14 anos. Deste modo, ao especializar os atletas, o professor/técnico tem uma tarefa difícil e delicada para identificar o momento ideal na aplicação dos métodos de treinamento.
Conclusão
A partir das abordagens acima pudemos ter noção de como muitos ou a maioria dos treinadores e professores estão despreparados. Não se importando com o desenvolvimento integral das crianças, apenas estão preocupados com o status que possa vir a adquirir nesta sociedade capitalista, caso torne sua equipe campeã de alguma modalidade ou se porventura descobrir algum talento esportivo. Para o bem da criança e do próprio esporte é melhor pararmos de investir nas crianças nossas aspirações pessoais, nossos interesses, nossos desejos. Porque muitas crianças param de praticá-lo no melhor momento, na hora em que estão amadurecendo quantitativa e qualitativamente. Porque, quem foi criança e parou de jogar por sentir-se pressionada, rotulada, insegura, lesionada, não esquece a terrível experiência. E, pior do que isso, passam anos no esporte e o abandonam. Saem do mesmo desgastadas emocionalmente, fragmentadas, inseguras, lesionadas, levando, vida afora, as possíveis conseqüências. Algumas param, pois sentem-se desgastadas, desmotivadas em conquistar mais aquele título, aquele campeonato (pois em alguns anos de prática intensiva já conquistaram títulos municipais, estaduais, prêmios individuais) e preferem freqüentar outros ares. É a tal da saturação esportiva. O garoto não quer mais continuar a prática esportiva porque começou muito cedo, foi várias vezes campeão, está saturado (PINI & CARAZZATTO, 1978).

Albert Einstein relata muito bem o que vem a ser uma especialização inadequada:

"Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que se adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade. Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto da eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem."

 
Com base nos autores acima é difícil precisar a idade ideal para a iniciação ao treinamento especializado, porém afirmam que é a partir dos 12 anos que a criança já tem maturidade para praticar o futebol. Entretanto, por experiência em treinamentos e com base nas novas tendências de ensino do futebol, poderá haver uma especialização desde os 8 anos, portanto a metodologia de ensino deverá ser pautada no “jogo”.


*Graduado em Educação Física pela FAEF/UNASP e Pós Graduando em Futebol e Futsal pela UGF.


Referências bibliográficas:

ARENA, S.S. Programas de iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. Revista Paulista de Educação Física. 14 (2), 184-95, 2000.
BIZZOCCHI, Carlos. O voleibol de alto nível : da iniciação à competição – Barueri, SP : Manole, 2004.
GALLAHUE, D. OZMUN. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3a edição. São Paulo: Phorte, 2005.
GRECO, Pablo Juan, Rodolfo Novellino Benda., Organizadores. Iniciação Esportiva Universal. Belo Horizonte – MG: Ed. UFMG, 1998.
NETO, João Baldoino de Almeida. Jogos coletivos na educação física escolar. Hortolândia, FAEF-UNASP, 2008.
PAES, Roberto Rodrigues. Aprendizagem e competição precoce: o caso do Basquetebol, 3.ed. - Campinas, SP : editora da UNICAMP, 1997.
PAES, Roberto Rodrigues. A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino dos jogos desportivos coletivos. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 71 - Abril de 2004
RAMOS, A.; NEVES, R.. A Iniciação esportiva e a especialização precoce à luz da teoria da complexidade – notas introdutórias. Pensar à prática. Goiânia, 11 20 03 2008.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Férias - merecidas e necessárias

Após mais um ano de trabalho duro começam as férias. Nossos alunos merecem e precisam dessas férias, afinal 2011 foi repleto de alegrias, treinamentos, brincadeiras, enfim, descansar é preciso.
Esse descanso não apenas para a parte física, mas também (principalmente) para a parte psicológica pois essas crianças de hoje em dia fazem tantas atividades que me deixam impressionado. É inglês, kumon, natação, judô, FUTSAL, FUTEBOL, entre outras muitas atividades extra curriculares.
Gostaria de agradecer aos pais pela confiança nesse ano que passou e ratificar o desejo de permanecer com seus filhos nessa árdua tarefa de ensinar, educar para ajudar na formação desses meninos que de tanto conviver conosco acabam se tornando parte integrante da nossa vida, alguns deles passam tanto tempo conosco que viram amigos, família mesmo.
A todos um muito obrigado por tudo e um 2012 ainda melhor, especial para todos que fazem parte da F3, Colégio Vera Cruz, Escola Geração Atual, Clube Alemão de Pernambuco, Alunos de personal e corrida, pessoal do Sâo Luis que fiquei pouco tempo mas nesse ano esteve presente na minha vida, e todos os amigos e familiares meus e de todos que fazem parte da minha vida.
Grande Abraço a todos,
                                     Gileno Siqueira

domingo, 18 de dezembro de 2011

Segue o link para leitura do artigo citado pelo professor Guilherme no artigo anterior

http://profguilhermetoscano.blogspot.com/2011/12/arte-da-triangulacao-barcelona-fc.html?spref=fb

Guilherme Toscano fala sobre o Bracelona

Passei o jogo todo hj assistindo o Barcelona jogar e lembrando de um artigo que li com explicações geométricas do jogo do Barcelona.
A cada triangulação, o artigo me vinha a cabeça. Os caras saem jogando em triangulação até nos momentos mais difíceis. O nível técnico e tático do time é incomparável.
A maior explicação para o condicionamento físico desse time é: quem tem a posse de bola corre menos e seguindo os preceitos de peladeiros buchudos, quem corre é a bola. Os caras correm para se desmarcar, receber e tocar. Raramente alguém carrega a bola.
Parabéns Barça!
Vou procurar o artigo pra ler de novo.
 
 
Guilherme Toscano é professor de Educação Física forma do pela UFPE

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Atividade Física em foco - a falta de compromisso das autoridades

Saindo um pouquinho da linha do blog, que versa sobre a iniciação esportiva, falarei sobre uma péssima experiência que passei ao estar ministrando aula num famoso parque da Cidade do Recife. Minha aluna estava em seu primeiro quilômetro quando ao achar que estava demorando muito fui procurá-la e me deparo com ela executando massagem cardíaca ( ela é médica cardiologista) num senhor desacordado próximo a um banco situado no lado oposto ao que eu estava. O senhor tinha sofrido um infarto ela, um estudante de medicina estavam lá, tentando reanimá-lo. Ainda tentei ajudar revezando com eles para que eles tivessem um tempo para descansar já que a massagem cansa muito quem a executa. O socorro chegou, e o senhor após 25 min desacordado foi renimado dentro da UTI móvel mas soube através da minha aluna que a noite ele não resistiu e veio a falecer.
Após esse preâmbulo venho a fazer a seguinte pergunta:

Todo esse apelo das autoridades e meios de comunicação para que a população seja mais ativa, busque exercitar-se, campanha pela utilização de parques e praças públicas, é correto não haver nenhuma estrutura de primeiros socorros no local? Não hám um médio, um enfermeiro sequer nesses locais. Existem sim professores e estagiários de Educação Física que mesmo com treinamento para utilizar disfribiladores não contam com nenhum a disposição.


Autoridades, olhem com mais respeito para os praticantes de atividades físicas, existem muitos idosos, cardiopatas, entre outros portadores de patologias utilizando os espaços públicos. Esse é um apelo de um apreciador, praticante e professor de atividades físicas.

Gileno Siqueira

sábado, 10 de dezembro de 2011

Iniciação esportiva em futebol de campo e futsal

http://www.universidadedofutebol.com.br/Trilhas/2009/4/1,1987,INICIACAO+ESPORTIVA+EM+CAMPO+DE+FUTEBOL+E+FUTSAL.aspx?f=1


Artigo bom pra quem quer começar a estudar o assunto,
disponível em:
http://www.universidadedofutebol.com.br/Trilhas/2009/4/1,1987,INICIACAO+ESPORTIVA+EM+CAMPO+DE+FUTEBOL+E+FUTSAL.aspx?f=1
acessado em 10/12/2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DIA DOS PROFESSORES

Vem chegando o dia 15 de Outubro, dia dos PROFESSORES, essa classe tão suada e sacrificada, que batalha a cada dia pelo desenvolvimento dos seus alunos.
Batalha incrivelmente pesada pois em vários momentos só nós professores lutamos por nossos alunos pois família, governo, escola muitas vezes os deixam a margem das suas ações.
Falta material, estrutura, valorização profissional, possibilidade de crescimento e sobra cobrança e responsabilidade.
Nesse dia a se comemorar apenas ver nossos alunos desenvolvendo e o carinho que recebemos dele.
Vamos cuidar melhor dos professores, assim teremos melhores condições de ajudar nossas crianças.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

BOA VIAGEM GIL!!!!

Já me deu muito trabalho e conseguiu se tornar um aluno-amigo. Alguém que eu posso confiar!!!!

CAMPEÃO 1ª ETAPA CIRCUITO ARENA SPORTS DE FUTSAL 2011 - SUB-13

Já postei falando sobre os títulos categoria sub-11 e sub-13, faltava a foto do sub-13. Destaque para Gilvan Neto

que esse ano está de mudança para Campinas - SP e a convivência com ele e com todos da sua família nos fará falta. VALEU GIL!!!!

domingo, 9 de outubro de 2011

Desrespeito aos profissionais de Educação Física

É muito fácil falar da falta de compromisso dos profissionais de Educação Física. Ninguém olha pra o desrespeito que sofremos todos os dias, retiram nossas aulas para dar ao professor de matemática, para ensaio, para qualquer coisa. Somos vistos como bonequinhos que tomam conta de crianças e as botam pra brincar. Precisamos estar com um físico invejável quando o que interessa é o que sabemos e não o que parecemos, não se valoriza o conhecimento dos profissionais.
Nos deparamos com um cenário que ajuda a confirmar o maior problema dos dias atuais, a forma superficial o qual se encara as coisas, a embalagem mais importante que o conteúdo. O que é um absurdo!!!! As pessoas costumam confundir professores de Educação Física com ATLETAS, o que definitivamente não somos, e se somos, somos em nossos momentos de folga, fora das nossas obrigações enquanto professor pois se o lado atleta invadir o momento professor possivelmente estaremos fazendo besteira.
Estudamos para nos tornarmos elementos transformadores, pensadores, capazes de contribuir para o desenvolvimento integral de nossos alunos, mas infelizmente temos nossos conhecimentos pouco levados em consideração. Não sou atleta, sou PROFESSOR!

Circuito Arena Sports

F3 Esportes campeão da primeira etapa do circuito Arena Sports de Futsal nas categorias sub-11 com a turma da manhã e sub-13 com a turma da tarde. Parabéns a todos!!! Jogos difíceis, contra equipes qualificadas mais uma vez Trabalho pedagógico, sem pressa, fazendo as crianças jogarem por prazer e diversão, jamais prescindindo o lúdico mas sem esquecer do jogo e da competitividade inerente a qualquer jogo de invasão!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Conclusões e Referências


Neste trabalho que foi desmembrado e postado parte a parte aqui no blog, entre tantas intenções e pretensões buscamos  investigar as diferenças entre iniciação esportiva e especialização precoce, identificando os problemas causados por este fenômeno e assim  tentando apontar algumas contribuições de caráter teórico-prático, para que a iniciação esportiva seja realizada da melhor maneira possível, maximizando os benefícios das crianças serem iniciadas em modalidades esportivas.
            Ao longo pesquisa bibliográfica, percebemos que a linha que separa a iniciação esportiva da especialização precoce é muito tênue e o professor deve estar muito atento para não ultrapassar tão importante linha. A pedagogia implementada pelo professor caso seja mal empregada pode levar a especializar precocemente esse educando trazendo assim malefícios para toda a vida e que se levada a sério nos chama a estar constantemente repensando a nossa prática pedagógica.
            As crianças em sua fase de iniciação devem ser inseridas em atividades diversificadas, o que na maioria das vezes não sabem e não é dever seu saber nem de seus pais, pois lhes faltam os recursos teóricos metodológicos que é de responsabilidade daqueles que são profissionais do ensino do esporte em nosso país (não estamos aqui considerando os leigos que atuam na área). É de posse das amplitudes motoras que as possibilidades de êxito e continuidade da vida esportiva tendem a aumentar, do contrário, ao serem especializadas precocemente, o que ocorrerá e já ocorre é a limitação dos seus horizontes. Daí a importância do professor deve ter uma visão pedagógica aguçada e ampliada para do desporto competitivo que tão somente reforça as estruturas desumanas e inadequadas de um processo que não proporciona a esses educandos a possibilidade de aprender e melhor desenvolver suas capacidades físicas integrais.
            Assim, o professor deve planejar suas aulas com cuidado, fazendo delas aulas diversificadas, com ênfase em trabalhos coordenativos, que melhorem o equilíbrio, entre outras melhorias importantes no desenvolvimento integral da criança. A utilização de gestos oriundos de outras modalidades também pode ser importante, pois através deles o aluno executa gestos e ações que na modalidade escolhida não são encontradas e com isso ter seu acervo motor ampliado, materiais alternativos também são salutares à medida que aumentam os níveis de motivação das crianças envolvidas no processo.
            Nos iniciantes em práticas esportivas alguns processos são muito interessantes e necessários e devem ser realizados pelos professores a fim de trazer para seus alunos o maior número possível de experiências e vivências. Festivais esportivos onde o resultado é menos importante do que o desenvolvimento obtido pela criança, são boas estratégias, nesse tipo de festival todos os alunos participam dos jogos, recebem premiação, enfim, são motivados para continuar na prática da modalidade por eles escolhida. Esse tipo de festival também proporciona o intercâmbio entre educandos de outras escolas ou escolinhas também aumentando com isso o número de vivências de cada criança envolvida no processo.
            Discordo de Santana e Mutti à medida que eles são contra a participação de crianças em competições regulares, acredito que competições podem ser salutares desde que, com regras e regulamentos adaptados aos pequenos praticantes. Essas adaptações podem ser desde tamanho de quadra, regras do jogo, até mesmo jogos sem torcida e regulamento pedagógico como, por exemplo, a obrigatoriedade de todos participarem das partidas entre outras adaptações. É claro que não achamos com isso que não haja também o que avançar, mas é uma visão que aponto para se pensar e discutir.
            Já trabalhos que enfatizam os aspectos táticos, exigindo melhorias técnicas grandes na criança, em nossa opinião, podem trazer alguns problemas, entre eles a desmotivação promovida pelo excesso de correções e a diminuição do direito de criar da criança, onde ela é “obrigada” a seguir determinadas orientações, tirando delas o que tem de melhor: sua individualidade. Deve-se trabalhar com as crianças mini-jogos educativos proporcionando para elas a oportunidade de resolver problemas, improvisar para conseguir melhor desempenho, mas essa busca a melhoria do desempenho, partirá dela e não do professor que apenas lhes deu ferramentas para trabalhar suas potencialidades.
            Reforços positivos são bem vindos, principalmente para os menos talentosos, tudo, porém com equilíbrio, onde cada conquista alcançada, e ressaltada pode trazer a essas crianças motivação para buscar melhoras ainda maiores. As crianças com mais talento podem e devem ser utilizados para ajudar aos alunos menos talentosos criando entre eles uma zona de desenvolvimento proximal, onde o aluno que já sabe (desenvolvimento real) poderá auxiliar no desenvolvimento do que ainda precisa aprender mais.
            Acreditamos que 2 ou no máximo 3 sessões de treinamentos semanais são suficientes para iniciar à prática esportiva, não exigindo delas dedicação de muitas horas, deixando tempo livre para coisas tão ou mais importantes que a prática de uma certa modalidade esportiva: tempo para estudar, tempo para brincar, ou seja, tempo para a criança ser criança.
            Nessa fase o indivíduo tem a sua disposição a melhor fase da vida para aprender. Quanto mais se aprende sobre um determinado assunto, menos tem para se aprender dele, segundo Santana (2001) aprender muito sobre pouca coisa não é coisa para crianças.
            Excesso de cobranças, grande número de sessões semanais de treinamento podem saturar a crianças da prática da modalidade ou até mesmo afastá-la da atividade física. O esporte infantil deve ter o objetivo de proporcionar experiências agradáveis aos educandos, oferecer o hábito da vida saudável, acostumá-las a realizar atividades físicas, fazer com que elas busquem o prazer proveniente das atividades físicas e com isso fazer parte do cotidiano para todas as suas vidas.
            Finalizando colocamos que o assunto tratado não é de fácil abordagem, pois ele apresenta várias nuances, no entanto como intentamos e reforçamos mais uma vez é tema de repercussão entre nós principalmente pelo fato de muito de nós estão a se equivocar no processo de ensino e aprendizagem, com o que vem a ser iniciação e daí resultam as aberrações que tem se constituídos entre nós como processos naturais.   

REFERÊNCIAS
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·         BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.
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·         CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
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·         _______. Pedagogia do futebol. São Paulo: Autores Associados, 2006.
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