sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PELADA



Fim de tarde. Sob os pés, o chão ainda quente. Sobre os pés, cor­pos obe­di­en­tes. Sob o sol, pés inter­mi­ten­tes se dei­xam levar. De leve. Não há mãos, nem para pôr na cons­ci­ên­cia. A pé, rumo ao largo, a pas­sos largos.
Há pou­cas nuvens no lito­ral. Vem muita luz mas faz pouco calor. Venta.  Tem-se pressa. Vê-se pedras, cocos e tijo­los. Pés em cír­culo. Pés de coe­lho. Alea jacta est. Equipes equi­pa­ra­das e pés a pos­tos. Vai dar pé.
Dá-se o pon­tapé ini­cial. Os pés cor­rem. Contorcem-se, tocam-se, sujos se cor­tam e tre­mem. Um erro, a unha. Dois, o dedão. Calos fazem pés beno­dá­ti­los. O per­ro­nha, com suas recla­ma­ções pedo­ló­gi­cas, ouve répli­cas pedantes.
Pegadas ver­me­lhas. Pés de atle­tas. Alerta podo­ló­gico. E tome chute de canhota. Vai no can­ti­nho. Mãos, só para abra­ços. Nunca foram tão pouco peri­go­sas. Escurece aos pou­cos. Ficam pra trás ras­tros de pés mar­ca­dos. E ainda de pé, agora vão embora mais deva­gar. Pesados.

O autor do texto e eu batemos muitas peladas juntos em nossa adolescência, prazer em ler algo vindo desse amigo tão querido.


Disponível em:http://futeboldebolso.com.br/pelada/

2 comentários:

  1. Gila, meu grande, eu escrevi pensando justamente nisso, nas peladas daquele tempo. :) Saudade de tudo.

    ResponderExcluir
  2. batemos tanta pelada juntos que só de lembrar meus pés ficam sujos!!!!

    ResponderExcluir