quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Por uma Reflexão Pedagógica do Esporte

É claro que não supomos ser fácil tratar de um assunto que entre coisas envolve a paixão do brasileiro. Contudo, do ponto de vista do compromisso e da posição social da qual estamos investidos seja como profissional seja como admirador do esporte é necessário ao menos levantar uma discussão sobre a temática, é preciso discutir o esporte e o modo como ele tem sido “ensinado” por muitos de nós principalmente na iniciação.
            Santana (2005) entende que iniciação esportiva compreende o período em que o educando de inicia a prática regular, e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, onde o principal objetivo é dar prosseguimento ao desenvolvimento de forma integral da criança. Com isso o autor acredita que não devem existir competições regulares para tais iniciantes.
            Nesta mesma discussão Kunz (1994) define especialização precoce como processo realizado antes da puberdade do aluno, onde o mesmo é introduzido a um treinamento planejado e organizado em longo prazo, se efetivando num mínimo de três sessões semanais, objetivando melhoria de rendimento e resultados esportivos e ainda a participação regular em competições federadas e com alto nível de cobrança.
            Almeida (2005) cita que os estudos acerca dessa temática não são recentes, que em meados dos anos 70 já era encontrada bibliografia estrangeira sobre o referido tema, e a partir dos anos 80 tal assunto passou a ser de interesse dos autores nacionais. O mesmo acredita que a iniciação esportiva deva ser dividida em três estágios. O primeiro seria o estágio chamado pelo autor de iniciação esportiva propriamente dita, que ocorre entre 8 e 9 anos de idade em média, onde o objetivo do treinamento é a aquisição e melhoria das capacidades motoras sendo elas específicas para o esporte praticado ou globais.
            Para o autor supracitado nessa faixa etária apesar e estarem prontas para a aprendizagem inicial dos esportes, não possuem maturidade para realização de esportes coletivos de competição. Ainda segundo o mesmo autor  os esportes coletivos atraem muito mais por serem motivantes e agradáveis do que propriamente pelas competições. Diz ainda, que o professor deve perceber como é mo desenvolvimento motor das crianas envolvidas e com isso planejar e organizar seu trabalho e forma a transformá-lo em motivador e interessante. Para o professor, essa fase é ideal para oferecer um grande leque de opções e oportunidades para que ocorra o desenvolvimento da criança em vários aspectos como cognitivo e motriz.
            As atividades devem ter caráter essencialmente recreativo e lúdico assim produzindo um aprendizado mais eficiente e menos monótono. (ALMEIDA, 2005)
            O segundo estágio proposto compreende os educandos entre 10 e 11 anos de idade. Nesta fase, ainda segundo o mesmo autor, a criança já experimenta atividades baseadas na cooperação e colaboração assumindo os jogos um papel sócio-desportivo, nos quais os participantes interagem, mas possuindo um papel definido a ser cumprido. O objetivo principal dessa fase é a introdução de técnicas fundamentais, regras e pequenas abordagens relativas a tática, utilizando como ferramenta principal jogos educativos e atividades esportivas com regras definidas. Ainda segundo o autor essa é uma fase excelente para o aprendizado devendo essa fase proporcionar aos educandos a ampliação do repertório motor e também oferecer as crianças envolvidas no processo elementos psicossociais que permitam a diminuição do egocentrismo do indivíduo gerando com isso a socialização entre os participantes.
            A etapa final é a fase chamada de introdução ao treinamento, com participantes entre 12 e 13 anos de idade. Nessa faixa etária segundo o autor, o aluno alcança um entendimento do seu desenvolvimento da sua capacidade intelectual e física. Nessa fase para o autor supracitado o objetivo diferente das fases anteriores é aperfeiçoar a técnica, direcionar o aprendizado dos sistemas de jogo, além do enfoque na melhoria por parte do aluno das qualidades físicas necessárias para a prática do desporto escolhido por ele. Nessa fase o aprimoramento do desempenho individual através do desenvolvimento corporal deve ser oportunizado ao aluno pelo professor. Trabalhos físicos passam a ser inseridos também nessa fase, tendo o professor a obrigação de criar e recriar atividades para que as mesmas sejam motivadoras e eficientes.
            Já Santana (2005) recorrendo a Pinni e Carazzatto afirma que a iniciação compreende 2 fases fundamentais e distintas: iniciação esportiva geral e iniciação esportiva especializada.
            A iniciação esportiva geral tem como principais objetivos a formação, a preparação do organismo e esforços posteriores, o desenvolvimento das qualidades básicas e o contato direto com os fundamentos de outras modalidades, usando esses fundamentos das outras modalidades para auxiliar na ampliação do acervo motor da criança. Utilizar gestos pouco repetidos na modalidade em questão pode auxiliar a criança no desenvolvimento de outras valências que auxiliarão o praticante envolvido ma melhoria de suas capacidades físicas, essa fase deve compreender crianças entre 2 e 12 anos de idade em média.
            Na fase de iniciação esportiva especializada, os alunos entre 12 e 14 anos começam a ser direcionados para a especialização esportiva, trabalhando nessa referida fase fundamentos específicos para o jogo, táticas individuais e coletivas da modalidade, enfim, instrumentos ligados a melhoria da performance, pois a partir dessa fase resultados esportivos passam a ser mais cobrados e buscados tendo seu treinamento esses resultados como principais objetivos.
            Em torno desta discussão Alves (2004) diz que os resultados esportivos, êxito e fracasso, devem ser dimensionados, relativizados focando os avanços realizados pela criança em seus processo e aprendizagem e não pelo desempenho predeterminado pelo professor. Para ele, as características individuais e as vivências anteriores dos alunos são o ponto e partida para o processo de ensino aprendizagem, pois esses pontos serão norteadores das atividades a serem realizadas. As formas de compreensão dos alunos com o corpo, com o espaço, a presença ou não e deficiências sejam elas perceptivas ou físicas são de importância inconteste na facilidade do aluno aprender uma ou outra determinada coisa.
            Crianças supõem que encontrarão no esporte uma maneira de interagir socialmente e estabelecer relações com as pessoas e o mundo, afastando-se um pouco do egocentrismo que marca as crianças de até 09 anos em média, e pode ajudá-la a questionar e a tentar compreender o mundo, como conhecer e utilizar seu corpo, além da possibilidade da iniciação esportiva auxiliar no desenvolvimento cognitivo das crianças envolvidas.
            Para Voser (1999), a aula de educação física ou treino esportivo apresenta muitas vertentes ligadas às questões psicossociais, afetivas, motoras entre outras, e por isso se torna extremamente complexa.
 Oliveira e Paes (2004) também participam deste debate sobre a iniciação esportiva afirmando que a mesma deve ser vista como um processo que se inicia após as primeiras experiências esportivas da criança até o final dos 14 anos de idade, a partir desse momento caberia iniciar a especialização esportiva focando na formação do atleta. Esse processo deve ser constituído de fases e  as experiências dos praticantes levadas em consideração num projeto pedagógico traçado onde a aprendizagem das capacidades motoras sejam proporcionadas de forma variada, diversificada e motivadora oportunizando o aprendizado do maior numero possível de praticantes, fornecendo aos pequenos praticantes base motora para as futuras especializações que serão submetidas.
            Ora se desejarmos resumir aqui uma visão de como proceder no ensino para o que iniciam a vida esportiva tomaríamos de empréstimo as palavras de Santana (2007) onde coloca que ensinar esportes para crianças não apenas é repetir os treinamentos aplicados a adultos é contribuir para sua formação integral, suas habilidades físicas, cognitivas, motoras, afetivas e sociais devem ser levadas em consideração. E acrescentaríamos recorrendo a Voser (2007) de que nesta empreitada o profissional responsável além de sua  tarefa técnica deve estar atento a responsabilidade pedagógica com o futuro, principalmente, o futuro do jovem a ele confiado.
            Os esportes devem ser sim ensinados as crianças, mas com objetivo delas desenvolverem sua autonomia, integrarem-se socialmente e assim com possibilidades de criarem o hábito de uma vida saudável pautada entre outras situações na prática esportiva como fonte de prazer e promoção de saúde no futuro (SANTANA, 2007).

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